Surf Yoga
Qual o potencial do surf e como o realizar?
Uma breve reflexão sobre as várias dimensões do surf, no sentido de suscitar os aspetos que concretizam ou afetam esse potencial e chegar a um entendimento que estará na base de uma filosofia do surf.
O yoga dá uma ajuda essencial pois é uma prática, arte, filosofia e ciência muito completa, precisamente dedicada à realização do nosso potencial, com provas dadas ao longo de milhares de anos. Por um lado, a ajuda vem do entendimento correto do yoga, através do qual podemos avaliar o surf de um modo mais profundo e abrangente. Por outro lado, há um incentivo à prática do yoga que deve ser assumido de forma apropriada e manter-se dentro de água, para que o potencial do surf se possa revelar.
A união deste entendimento e da prática podem gerar um surfyoga, isto é, uma prática de yoga antes de ir para dentro de água que já está a fazer surf e a dar conta das questões que aí se levantam, mas também uma prática de surf que se mantém a desenvolver as várias dimensões do yoga. Finalmente, na continuidade de um movimento que se iniciou com Gerry Lopez nos anos 70 e é cada vez mais expressivo, espera-se que este surfyoga permita a realização do potencial do surf (individual e social), nomeadamente através dos seus praticantes e do processo que daí pode surgir, contribuindo para o que no futuro será a filosofia, ciência e arte do surf.
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A prática de yoga gera um conjunto de evoluções pessoais mais objetivas, em termos de tranquilidade, flexibilidade, concentração e integração psico-físicas, que são factores extremamente importantes para a evolução de qualquer atividade desportiva. No mesmo sentido, mas de forma mais abrangente, como aliás se vai reconhecendo em inúmeros campos, as diferentes evoluções, derivadas da prática do yoga, são essenciais para a realização humana ou, de todas as nossas potencialidades e dimensões.
A palavra yoga remete-nos para os vários sentidos de uma união, que pode ser entendida entre as facetas mais ou menos complexas do consciente, do eu ou, da personalidade e a sabedoria da nossa natureza, da biologia e suas dimensões integradoras mais subtis.
O yoga potencia um processo natural que está sempre a acontecer mas, durante o sono, revela a sua importância essencial, enquanto um yoga espontâneo, na base dos equilíbrios biológicos e de todas as qualidades conscientes, sem o qual tudo se complica e a vida se torna impossível. A prática do yoga traz a sabedoria que gera e gere todos os níveis do ser vivo, nomeadamente, a integração subtil, às dinâmicas do consciente e suas correlações entre corpo e mente, ajudando na transformação gradual das estruturações complexas de cada um e abrindo a uma vivência mais plena e consciente da nossa existência neste processo criativo universal, ou seja, à realização humana.
Portanto, o yoga é uma ajuda que potencia o nosso processo natural, logo todos nós estamos sempre a realizar um tipo de yoga ou, em certos modos dessa união, e podemos dizer que tudo é sempre yoga. Isto percebe-se bem quando avaliamos as várias dimensões que vão ser trabalhadas na prática do yoga.
Todos nós estamos sempre a praticar certas definições éticas, a partir da experiência passada, por isso, a desenvolver disciplinas relacionais e de auto-análise face a tudo o que nos surge, interior e exteriormente, com um dado sentido de igualdade, aceitação, etc., de nós próprios e dos outros, de entrega ao devir criativo dos momentos ou a algo que nos transcende, etc. E este treino constante não é algo separado do resto da nossa existência, pois é influenciado por e influencia o nosso estado emocional e orgânico, as posturas corporais, os modos da respiração, logo a qualidade da nossa concentração, a sua sabedoria ou limitação, a fluidez reflexiva/criativa ou capacidade meditativa e o sentido mais ou menos parcial ou pleno da nossa realização ou união à natureza subtil (interna/externa).
Ou seja, estamos sempre numa dada prática destas dimensões que são interdependentes, pois estão a ocorrer todas ao mesmo tempo e a influenciar-se mutuamente. Logo, praticar yoga, implica entender bem esta interdependência e, por isso, que nada evolui de forma separada, mecânica e imediata, mas num treino consciencioso, gradual e progressivo de cada dimensão, que se apercebe da mobilização das outras e das correlações obstrutivas e potenciadoras.
Tudo começa com a definição ética e a disciplina relacional e de auto-análise que vão desobstruir parcialmente o corpo, a respiração, etc. e permitir que a sabedoria biológica da integração subtil vá dominando a correlação entre as várias dimensões e conduzindo o processo evolutivo das mesmas. Com esta união a decorrer podemos entrar na prática das posturas físicas e suas sequências, que vão suscitar as correlações complexas e, nomeadamente, com a ajuda da respiração e do entendimento, ajudar na sua resolução, abrindo a um aprofundamento das outras dimensões, (concentração e meditação) e do nível da sua integração subtil. Posteriormente, vamos poder dedicar-nos às práticas respiratórias que levam essa resolução a patamares mais profundos e, finalmente, às de concentração e meditação, que apuram essa união, levando a uma manifestação mais plena da integração biológica subtil, na experiência consciente do eu/mundo e na sabedoria do entendimento e resolução de todas as suas correlações….
De todas estas dimensões, a respiração é a que, de forma mais evidente, está a expressar os constrangimentos que afetam todas e, simultaneamente, a abri-los à integração subtil. Logo podemos dizer que expressa a dinâmica resolutiva do yoga pois, no seu devir, abre o corpo e a postura, permitindo que essa integração aja nos aspetos a resolver e unifique as várias dimensões na sua sabedoria.
A respiração é a onda que “apanhamos” e, nesse ir com, damo-nos conta das dificuldades que se levantam e descobrimos os meios intuitivos da sua resolução, começando a abrir-nos e a vivenciar o potencial do yoga. Fazendo uma primeira aproximação ao surf, diríamos que o ir na onda do mar é um momento de transformação e abertura ao potencial do surf através dos mesmos meios intuitivos.
Fazer surf é um yoga, onde a relação com o mar, com a rebentação e o ir na onda tendem naturalmente a resolver certas dificuldades e a abrir-nos a uma integração subtil, mas o nível até onde esta união ocorre, depende da forma como o surf vai sendo assumido e realiza as várias dimensões desse potencial: desportiva, lúdica, humana e espiritual.
Vamos então perspetivar esse potencial assim como a interdependência entre as várias dimensões, para entendermos como o podemos realizar e qual a ajuda que o yoga pode dar.
Começamos pelos factores contextuais. Como se sabe, desde há muito tempo, o “ar” do mar é muito terapêutico. Ou melhor, a correlação de todos os aspetos (mar, paisagem, sol, odores, brisas, areia, rochas, etc.) em contínua evolução sincronizada, gera um processo terapêutico espontâneo.
Portanto, estar próximo do mar ou no mar é desde logo um bom yoga pois, nesta entrada em fase com toda a mudança, passamos para outra dinâmica cerebral, mais reflexiva, lúdica e intuitiva, onde os neurotransmissores ligados ao prazer, ao equilíbrio e à felicidade se reforçam, juntamente com as ondas cerebrais ligadas ao relaxamento e à meditação, enquanto as hormonas do stress se reduzem e aumentam as ligadas à empatia, generosidade, relações amorosas, etc.
O contexto do mar leva-nos a um estado consciente mais meditativo, com diferentes saliências (reflexivas, extáticas ou lúdicas), marcadas pelo sentido de liberdade, de expansividade, paragem do tempo, abertura criativa, conexão com o infinito ou transcendente, com a vida, natureza, etc. É sempre algo muito pessoal que se funda numa dimensão espiritual, mais ou menos consciente, por isso, um encontro com a nossa natureza.
Para apontar o sentido desta dimensão no surf, diríamos que, toda a estimulação contextual, nessa sincronização em contínua evolução, e em especial a gerada pelo mar, vai ser vivida de um modo mais profundo e integrado, à medida que se vão vencendo os diferentes desafios levantados pelo mar, a rebentação e as ondas, levando esse encontro espontâneo, entre a vida na natureza exterior e a natureza da vida em nós, a uma união íntima, transcendente e, por isso, sagrada, que define o ser surfista e o que chamaríamos de relação subtil com o mar.
O surf é uma arte ou yoga da rebentação, onde estamos numa entrega e adaptação intuitiva contínuas, a aperfeiçoarmos a sincronização com todas as forças e fatores que o mar suscita e, conforme entramos em fase com essas variáveis e chegamos ao devir extático da onda, fluímos numa sabedoria que nos está a ser dada no momento presente, e redescobrir-nos como outros, transformados e novos, numa catarse ao sabor da onda que, nessa entrega, permite uma integração ou síntese metafísica entre a nossa natureza subtil, a do mar e a de todos os estímulos contextuais.
Tudo no surf é desafiante, estimulante/transformador e descoberto na entrega adaptativa contínua e seu refinamento das sincronias: com os ritmos da rebentação, as forças, correntes, etc., os grupos de ondas (set), o pico onde rebentam, a entrada na onda e depois a entrega catártica no fluir e nas transformações emocionais e extáticas das manobras, em fase com o devir energético da onda e as suas pequenas perfeições.
Ou seja, os desafios vão sendo ultrapassados por uma entrega, (o largar do eu, dos medos, dos hábitos corporais e mentais, das estruturas fixas, etc.), que se torna na sabedoria da entrada em fase e do apuramento subtil da sincronização e, quando estamos no fluir em si, pertencemos à perfeição da energia da onda que, onde há esse largar, está na nossa água, com uma qualidade que depende da sabedoria do mesmo.
Assim o nosso ir nessa transformação gera uma união, um yoga que integra a sincronia e harmonia da nossa natureza subtil, à de toda a natureza: sem sabermos bem, somos a onda, a paisagem, o mar, etc., e tudo isso é vivido de forma mágica, como liberdade e transcendência, que está em nós, no espaço e nos outros, tornando-se concentração e capacidade de novas entregas, sincronizações e do aprofundamento dessa relação com o mar e o real.
A psicologia positiva considera um estado consciente dito flow que, em qualquer tipo de atividade (profissional, desportiva, artística, etc.), é gerado por uma situação desafiante que temos capacidade de resolver imediatamente e, entregando-nos completamente ao momento presente, esquecemo-nos do resto, de nós e entramos no devir de uma concentração extremamente adaptativa ou, numa alta performance, criativa e produtiva, com vários benefícios cerebrais, nomeadamente em termos de geração de novas ligações, que nos faz sentir felizes, criativos, conectados, motivados, capazes de ultrapassar tudo, etc.
Na prática do surf estamos sempre num certo flow, no presente da adaptação contínua, aos ritmos das diferentes variáveis e estímulos, que culmina nos escassos instantes em que fluímos na onda, entrando na concentração e transmutação sensível, onde se realiza essa união indescritível, entre a vida da natureza interior e a da exterior, e, literalmente, o fluir que dá nome ao estado e o seu verdadeiro sentido.
Esta união é a dimensão espiritual ou essência do surf que, tal como no yoga, está a acontecer simultaneamente com as outras, numa interdependência a ser entendida e trabalhada para que o potencial do surf se realize.
O surfista é forjado nessa presença e entrada em fase com inúmeras perfeições naturais que, ao longo do devir fluxivo na onda, estão a realizar uma união subtil e a fundirem-se através dele, em dependência da sabedoria da sua entrega e de tudo o que leva para esses momentos. Ou seja, a perfeição do estar com a energia da onda cria essa forja unificadora de todas as perfeições, em dependência de vários fatores.
Esta forja gera uma transcendência que o surfista experiencia continuamente sem saber explicar - é a sua entrega, liberdade, power, conexão natural e o estar na sincronicidade do real - a ser mais ou menos aprofundada através dos treinos e desafios mas, sobretudo, do modo como é assumida e circunscrita pela “roupagem” ou estruturação do eu e os diferentes aspetos das dimensões humana, lúdica e desportiva.
O processo da forja subtil, entre o interior e o exterior, tende a aprofundar-se conforme o praticante de surf vai passando pelas perfeições das ondas boas, com força, longas, tubulares, maiores, por mares perfeitos ou condições com inúmeras sincronias perfeitas e, nomeadamente por momentos solitários ou entre pares, em que esse sentido transcendente está em todo o lado: na concentração silenciosa, na harmonia das relações, na pertença e entrega plena, etc. Nestes momentos, literalmente inesquecíveis, o eu vai-se transformando nessa forja das perfeições e, silenciando-se na entrega interior, vai dando espaço à resultante, para que continue presente e a sua sabedoria penetre todas as dimensões da vida, tornando-o um surfista, um ser humano a gerar-se na sacralidade dessa relação ao mar e à natureza.
Para intuirmos bem o yoga do surf, imaginemos uma espécie de “retiro”, em que, durante um tempo (dias, semanas, meses, ou anos…), o surfista está sozinho num lugar paradisíaco com ondas perfeitas. Não há ninguém para fazer surf ou conversar, mas a conversa vai manter-se silenciosa e contínua com a natureza e o mar, numa forja cujo infinito abarca tudo e está sempre presente, nos seus próprios ritmos e sincronias, a suscitar as facetas do eu, os modos como estruturam essa relação nas várias dimensões do surf, as reflexões resolutivas e os momentos de intimidade plena.
Nesse retiro tudo vem à tona, é visto e, no silêncio da entrega, integra-se na subtileza desse yoga, levando-nos para outros níveis de sincronias e magias do surf, nomeadamente ligadas aos segredos da respiração: os medos ancestrais, os processos pessoais, traumas, etc. mas, nomeadamente, toda a estruturação consciente, que circunscreve esse canal transformador nos modos como o apropria e define nas particularidades pessoais.
A magia da união transformadora, que o surf é sempre, vai poder revelar muitos níveis da sua sabedoria e levar-nos a diferentes tipos de momentos, em que tudo está nesse infinito e não há qualquer separação entre eu, onda, mar e natureza… somos levados à intimidade divina e doçura maternal dessa união, podendo chegar ao ponto em que vivemos tudo aquilo de uma forma completamente diferente e, difícil de descrever…
Tendo em conta tudo isto diríamos que a dimensão espiritual é sempre a essência do surf, embora possa estar mais ou menos filtrada pelas estruturações que se estabelecem nas outras dimensões. Neste sentido, importa sintonizar a memória do surf que, ao longo de mais de mil e quinhentos anos, foi uma componente chave no “retiro” coletivo, onde a cultura havaiana se desenvolveu e aprofundou a sacralidade da sua relação ao mar e à natureza.
Uma relação com todas as sincronias, perfeições e seus segredos, que se clarifica num primeiro significado da palavra Aloha, enquanto – presença ao fôlego da vida ou, espírito da natureza – que está em todos os seres, nas suas correlações subtis e é a nossa essência, a ser vivida através da sabedoria na relação humana.
Por isso, nesse cuidar sábio da relação, é vivida a sacralidade em tudo: tal como na árvore e na prancha, que é sua filha e permite a forja na onda, onde tudo se funde, tal como na dança, no amor e no despertar do eu para o segredo final da sua realidade (huna), guardado pelo kahuna e dado a conhecer nos mesmos meios intuitivos, que nos levam ao silêncio subconsciente e permitem assumir a responsabilidade pela totalidade da vida.
Tal como hoje, nesse surf, coexistiam as várias dimensões (desportiva, lúdica, humana e espiritual), mas estruturadas a partir desse canal de relação direta ao infinito criador, ou seja, pela atenção à dimensão espiritual, dentro dos modos particulares dessa cultura. Atualmente a relação ao surf é estruturada de forma diferente mas, se cuidarmos desta dimensão, todas as outras tenderão a realizar-se plenamente, resolvendo os problemas da cultura do surf e concretizando o seu potencial nos surfistas e no todo da nossa cultura.
Assim, quanto à dimensão humana, saliento alguns aspetos essenciais na continuidade da espiritual que, conforme os contextos e épocas, serão mais ou menos toldados por outros. Estes aspetos estão muito presentes, pelo menos no início, quando o grupo de conhecidos ou amigos estão no começo dessa forja na natureza e vivem uma transcendência comum, como que uma abstração energética para lá da identidade cultural, local e familiar, a pertença a uma liberdade maior ou mais real, por ser vivida de forma direta, existencial e não crítica, uma felicidade indescritível por não se basear em nada concreto ou possuível, uma igualdade direta por derivar do transcendente nessa experiência comum, uma sabedoria dada espontaneamente pela fusão com as perfeições da natureza, um sentido de invencibilidade e um olhar novo sobre as estruturações sociais e culturais, seus pontos fixos, preconceitos, bloqueios em valores críticos, materialistas, etc.
A identidade está nessa transformação e pertença a uma amizade e igualdade espontâneas, onde os dons de cada um se expressam e são valorizados de várias formas, assim como as diferenças no aprofundar da relação ao mar são sentidas e respeitadas. Um aspeto importante é a vibração entre todos dentro de água, a partir da qual os instintos se sintonizam e a aprendizagem intuitiva evolui com a forja do grupo. A concentração de cada um, nomeadamente dos com uma relação mais sábia com o mar, está no ar e em todos e, no momento em que alguém entra nas sincronias do apanhar e ir na onda, quem o vê sente tudo, está com ele e abre-se ao feeling do momento para o ajudar e entrar nesse transe, por vezes grita para o incentivar ou para se igualar ao power do que está a ocorrer. Depois, quando é a sua vez, sente que, o que viu e viveu na concentração do outro, está agora nele e, sem saber como, ganhou o power, a sabedoria e até as manobras saem naturalmente em outro patamar.
O grupo gera uma aprendizagem intuitiva conjunta, onde todos estão a aprofundar a relação ao mar, esse aspeto subtil que cada um reconhece no outro e não tem a ver com o domínio de tecnicidades ou níveis de manobras mas, no fundo, com a presença da dimensão espiritual em cada um e sua integração com as outras. Esta capacidade de sentir esse infinito no outro e de o respeitar é a base da cultura do surf, que permite a realização plena da dimensão humana e resolve as complexidades relacionais que se levantam e podem bloquear todo este processo, transformando o estar no santuário das ondas numa espécie de campo de batalha, onde, em muitos aspetos, se está a cultivar o drama da humanidade.
Esta capacidade de sentir onde é que o outro está na relação com o mar, estabelece uma ordem natural entre todos, uma sintonia do essencial e um encontro com a verdade do que estamos a fazer dentro de água, que vai ser condutor da evolução de cada um, ajudando o processo individual e o do grupo.
Voltamos assim ao sentido da palavra Aloha, neste caso, enquanto presença ao fôlego da vida no outro, portanto, uma presença que se realiza realmente quando é partilhada entre todos, levando à expressão dos vários sentidos desta palavra e à realização plena da dimensão humana. Uma presença partilhada, onde espontaneamente floresce a amizade, a generosidade, o acolhimento, a delicadeza, a humildade, paciência, perseverança e, no fundo, se realiza a paz, o amor, a compaixão e a felicidade.
A palavra Aloha sintetiza os frutos do retiro milenar da cultura havaiana, do canal espiritual que se gerou e das dimensões humanas que se puderam manifestar e ser vividas consistentemente ao longo dos tempos, tornando-se na natureza dessa cultura, expressa em muitas das suas facetas.
Importa clarificar um pouco o que aconteceu a este povo e cultura: como ocorreu com outros povos indígenas, 90% da população foi dizimada pelas doenças dos "visitantes", por outro lado, a cultura foi abusada, violentada, bloqueada e alterada; as terras foram sendo apropriadas, depois houve uma invasão de trabalhadores estrangeiros, o governo legítimo sofreu um golpe de Estado por parte dos grandes proprietários estrangeiros e o arquipélago acabou por ser “anexado” pelos EUA e tornado num centro militar (nomeadamente nuclear, até aos anos 90); finalmente a indústria do turismo mastigou a natureza e a cultura, impondo outras lógicas e, sobretudo, um nível de vida que levou 50% da população indígena a ir para fora do Havaí, onde apenas 10% são indígenas (24% são multirraciais), desses 10%, 15% vivem no limiar da pobreza e, 50% dos sem abrigo são indígenas (o Havaí é o Estado americano com a maior percentagem de sem abrigo).
No meio da falta de respeito, do abuso e do traumatismo profundo a muitos níveis, o povo do Havaí foi conseguindo manter os frutos do seu retiro milenar e, neste momento, concentra-se nos mesmos e na concretização dos seus direitos e modos culturais, acreditando que, no futuro, o Havaí será um local do autêntico espírito Aloha.
No contexto da nossa reflexão estas questões são importantes em vários sentidos.
Por um lado, é necessário apoiar os havaianos, que atualmente estão pior do que os índios norte americanos e, neste sentido, gerar-se um movimento mundial, potencialmente liderado pelos surfistas e apoiado pelas grandes marcas. Ou seja, é necessário valorizar a nação, a cultura e gerar o envolvimento que permita florescer e expressar os modos próprios da sabedoria Aloha nas várias facetas da sociedade.
Por outro lado, o que aconteceu à cultura havaiana e à dimensão humana da mesma é um pouco o que tem estado ocorrer à cultura do surf, gerando as limitações ao entendimento e realização do seu potencial. Se o mundo do surf conseguir resolver as problemáticas internas, associadas a estas limitações, e aprofundar o verdadeiro sentido desse potencial, então a dimensão espiritual, terapêutica e humana poderão florescer e ter um impacto verdadeiramente importante na sociedade.
Antes de avaliarmos essas limitações vamos olhar um pouco para a dimensão lúdica e a desportiva.
Todas as facetas da entrada em fase e sincronização com a natureza, o mar, a rebentação, a onda e a evolução ao longo da mesma têm componentes existenciais e lúdicas que são muito estimulantes, catárticas e realmente transcendentes. Neste sentido, salienta-se a sincronia do movimento do surfista com a particularidade da onda, a dança do manobrar nesse processo vivo, que desliza com a energia e volta ao seu pico para recebê-la, em transições rotativas, encaixes, saltos, retornos, etc. que ocorrem a alta velocidade, com soupless e em mudanças na perspetiva e nos estados conscientes que são difíceis de explicar.
Ou seja, o surf é extremamente lúdico, libertador e energizador, gerando imensos momentos de autopreenchimento e prazer. Esta faceta é tão forte que o surfista se torna “viciado” nesta prática das sincronias e perfeições, não conseguindo passar sem ela e organizando a vida em torno da mesma.
Em relação à dimensão desportiva salienta-se, por um lado, o treino intuitivo muito adaptativo em que toda a prática se desenvolve, sem muita possibilidade de paragens analíticas e preparações segmentadas, daí a importância do equilíbrio das outras dimensões, da concentração e sincronização fina que o surfista desenvolve antes de entrar na onda, para que esteja liberto das tais “roupagens” atitudinais, posturais e relacionais, completamente aberto e entregue ao momento, podendo redescobrir-se no mesmo e deixar que lhe surja aquilo que já viu, na sua própria forma expressiva, e que a evolução desportiva surja desse canal de entrega e descoberta.
Por outro lado, o surf é um exercício diversificado com vários níveis de intensidade, intercalados com momentos de descanso e integração, em fase com a paisagem e o grupo e, nomeadamente, momentos de flow, com mais ou menos soupless e esforço sinérgico, expressivo e catártico, onde se dão aberturas e integrações psico-físicas. É um desporto muito exigente, quer pela intensidade imposta pelas rebentações e os diferentes tamanhos e tipos de ondas, quer pela necessidade de manter o soupless na resposta contínua, sincronizada e adaptada, às evoluções das mesmas, onde se maximiza a troca energética em manobras radicais, cada vez mais inovadoras e até “acrobáticas”.
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Vejamos então alguns dos fatores que bloqueiam a expressão das várias dimensões do surf e a realização plena do seu potencial. Para além dos fatores existenciais e lúdicos que temos salientado, importa abordar os fatores críticos que filtram a expressão e o sentido dos outros, logo a integração que realiza o potencial do surf. Estes fatores são mais ou menos dominantes, dependendo da particularidade das situações, por isso, não pretendemos torná-los preponderantes no entendimento do surf, mas apenas tentar mostrar os seus efeitos sobre a possibilidade do potencial se concretizar, assim como sugerir o que deve fazer parte da auto-análise e dos debates necessários à evolução individual e cultural do surf.
Começamos por aspetos desportivos. Dada a postura da remada e as pressões levantadas pela rebentação, gera-se uma certa estruturação nos ombros e costas, assim como uma tensão geral que contribuem para uma perda de flexibilidade. Este processo está mais ou menos presente nos vários níveis da prática e modos de a assumir, interferindo com o devir existencial e lúdico gerado na mesma. O processo vai sendo reforçado pelas “roupagens” do eu e sua integração durante a onda, acabando por estabelecer uma espécie de armadura psico-física, por onde a “energia corre” e se gere o encaixe sincronizado com a onda e o manobrar, dentro de um estilo e lógica mais ou menos auto-expressivos e/ou de eficácia competitiva.
Portanto, o surf gera uma certa perda de flexibilidade, que afeta a manifestação e evolução das várias dimensões, na qual se integram outros fatores interferentes, apelidados de “roupagem do eu” ou matéria-prima a resolver.
As coisas existem em dependência do modo como nos relacionamos com elas, por isso, conforme estabelecemos a nossa relação com o surf, assim as várias dimensões se podem expressar e gerar um tipo de integração.
Desde logo percebemos que, o yoga, mesmo que entendido como uma ginástica de alongamento e relaxamento, pode ajudar a resolver a estruturação que reduz a flexibilidade e, com isso, a evolução do surf. Mas, do mesmo modo que, ao assumirmos o yoga como ginástica, estamos a reduzir as outras dimensões, também, no surf, estamos a fazer o mesmo ao assumirmos uma relação muito centrada na dimensão desportiva.
Importa lembrar o sentido correlativo e a interdependência entre as várias dimensões e utilizar a componente de auto-análise do yoga. Ao assumirmos o surf como um desporto, há um conjunto de fatores críticos, implícitos nessa definição, que passam a dominar a relação, por exemplo: o sentido da tecnicidade, da objetividade/eficácia dos atos, da competitividade, etc. Ou seja, o estar dentro de água, a sincronização, a vivência das perfeições e a qualidade da entrega ganharam outro sentido, onde se reduziu o lado existencial, ou seja, a dimensão espiritual não se expressa livremente e não pode conduzir a evolução das outras. O eu desportivo está ao comando e isso pode ser limitativo das outras dimensões.
Se a relação se estruturar muito nesses fatores críticos pode mesmo interferir e reduzir a dimensão lúdica do manobrar e da criatividade, deixando de ser eficaz, pois a liberdade desta dimensão é essencial.
O domínio do sentido desportivo do surf, seja nas práticas comuns ou na alta competição, gera um filtro marcado pela disciplina e pela competitividade que afeta a expressão das várias dimensões e a sabedoria que as integraria de forma subtil e conduziria a evolução do conjunto. A dimensão espiritual tende a ser apropriada na estrutura desse eu disciplinado e competitivo, tornando a dimensão humana muito mais individualista e a forja do grupo dominada por essa relação.
Por outro lado, a vida tende a centrar-se nessa disciplina e nos prazeres da dimensão lúdica, que têm de ser repetidos “à exaustão” dentro desse enquadramento, ou seja, sem uma integração subtil do sentido da satisfação ou, da fusão na onda e no todo, que foram ultrapassados por esse modo de domínio técnico e fixam o seu sentido nos objetivos competitivos, atingidos ou a atingir. A dominância deste tipo de relação gera um sentido simplificado da vida, das relações e das realidades, que gere todos os aspetos para se manter nessa fruição e tudo o resto tende a esvaziar-se.
Portanto, a centragem na dimensão lúdica não permite uma plena integração espiritual, tendendo a tornar a forja na natureza, na da armadura de um eu dominador da onda e do outro, relativamente fechado a tudo o que não passe pela recriação desse prazer, tornado hedonista e egoísta, onde a onda já não é bem uma entidade espiritual, mas um processo físico e a relação ao mar tem essa limitação. No lúdico competitivo ou no lúdico pelo lúdico há uma redução da dimensão espiritual e humana, onde se expressa o estereótipo do surfista: egoísta, cabeça vazia, auto-importante, manipulador e, muitas vezes, incapaz de lidar com a transcendência que o atravessa, entrando em excessos e caminhos de autodestruição.
A problemática da dimensão lúdica deve-se em parte à visão do surf como um desporto e à evolução do mesmo, mas sobretudo às transformações que a dimensão humana e espiritual sofreram com o aumento do número de praticantes, num contexto, onde o surf se foi popularizando e os valores implícitos da sua filosofia e cultura não se conseguiram manter, nem foram suficientemente cultivados, mas antes, por um lado, radicalizaram-se e, por outro, foram mastigados como uma pastilha elástica, que foi perdendo o sabor à medida que iam sendo assimilados e apropriados pela sociedade de consumo.
Há muitos fatores ligados a esta mudança mas, focando apenas o que se transformou dentro de água, diríamos que, embora não haja nenhum local onde se possa dizer que todas as facetas do espírito Aloha se desenvolveram e aprofundaram, a forja intuitiva do grupo estabeleceu-se espontaneamente em muitos e expressou algumas destas facetas, nomeadamente a partir da presença e respeito à relação que cada um tinha com o mar. Esta dimensão subtil era o surf e, tanto mantinha a conexão à essência e verdade do processo, quanto gerava amizades e dava sentido às relações e à sociologia aquática, assim como estimulava a forja do grupo, na vibração conjunta, na partilha da concentração e no incentivo.
E realmente puderam florescer muitos dos sentidos do espírito Aloha, obviamente que dentro dos limites criados pelas dominâncias e particularidades das culturas locais.
No entanto e, simplificando a história, diríamos que, conforme foram surgindo cada vez mais praticantes, novas gerações e o surf foi sendo assumido como um desporto, competitivo e radical, essa sociologia colapsou face à radicalidade do individualismo, à indiferença e à agressividade, ou seja, a forja no grupo e no sentido da relação subtil ao mar foi-se dissipando ou tornando mais complexa, os picos foram perdendo o sentimento cultural, ligado a um grupo mais ou menos alargado, à sua história e tipo de ondas e, gradualmente, foram-se tornando “apenas” espaços públicos.
As ondas são um bem relativamente escasso, onde podemos viver a tal síntese indescritível com as subtilezas da natureza (interior/exterior) e trazer essa sabedoria à nossa humanidade, à integração do prazer gerado, etc. Logo, à medida que há mais pessoas, a relação com esse bem tende a entrar num percurso que distorce a dimensão humana e a espiritual, nomeadamente se não há uma força cultural que estruture o sentido das relações, a presença ao outro e a distribuição desse bem.
A questão é obviamente complexa mas, essencialmente, deriva da incapacidade de entendimento da situação do outro e resolve-se com um pouco de bom senso de todos, por exemplo: os locais pretendem manter o sentido cultural, a paz e a fruição que desde há muito têm, o que também implica apanharem a maior parte das melhores ondas; enquanto os outros, com diferentes níveis de surf e treinos culturais, querem essas ondas, também se podem sentir mais ou menos locais, melhores surfistas, etc. o que vai gerar vários tipos de tensão…
O estatuto de espaço público ajuda a confusão, pois toda a gente tende a sentir-se igual e livre para desfrutar desse bem como melhor lhe convier. No entanto, há um processo cultural (espiritual, humano e desportivo) a decorrer, com uma particularidade que importa sintonizar e respeitar: tendo em conta a relação ao mar que cada um tem, nomeadamente a esse local, as regras de prioridade, o bom senso, o diálogo, etc. Se esse processo for sentido, valorizado e respeitado, no seu próprio tempo, todos vão encontrando ondas, sendo acolhidos, integrados no mesmo e contribuindo para a sua evolução. No entanto, se, por ignorância ou indiferença, essa sintonia é negligenciada, e entramos na liberdade individualista, geram-se as contradições e conflitualidades que distorcem o potencial do surf nas suas várias dimensões.
Com o crescimento do número de surfistas e o domínio de um sentido simplificador da geração do surfista, definido pela aquisição comercial e a funcionalidade desportiva do surf, os picos foram sendo penetrados por essa liberdade e indiferença individualista que, não sendo relacional, gerou agressividade nos locais e levou-os a ficarem mais ou menos presos a esse oposto do que é o surf. As culturas locais foram-se dissolvendo ou fechando, ao mesmo tempo que a liberdade individualista crescia e, na sua indiferença, o yoga do surf se dava num clima mais competitivo, agressivo e egoísta, onde cada um tenta maximizar o seu prazer e a forja individual e do grupo se tornam exercícios de alguma debilidade mental, em vez de estarem a resolver as facetas problemáticas do eu e a atualizarem o potencial do surf.
Uma coisa é estar entregue às sincronias da natureza do local e do momento, apanhar a onda nessa continuidade e abrir-se ao devir da mudança presente, sem intenções, tensões e predefinições de qualquer ordem. Outra coisa, é ser o “competidor” ou o que “adquiriu” o surf e, no seu sentido de indiferença, mais ou menos agressivo e dissimulado, está numa luta onde faz tudo para ter sempre a vantagem, enganando se for preciso e, quando entra na onda, a sua concentração leva os restos dessa luta e continua-a no domínio lúdico e hedonista do prazer “que o outro não pode ter” e, na exaltação da sua vitória, quer repetir o processo o mais depressa possível, com a devida indiferença e se necessário agressividade face ao outro.
Num contexto deste género a forja do grupo entra na incapacidade relacional e comunicativa que a mistura de emoções complexas gera, na obsessão de maximizar o prazer individual e na indiferença ao outro. Em consequência a dimensão espiritual está bloqueada e a humana concretiza o oposto do espírito Aloha. A vibração no ar é preenchida por essas qualidades e já não há as trocas mágicas da energia do outro, do incentivo e da aprendizagem. Inversamente, há egoísmo, inveja, raiva, soberba, “mau olhado”, indiferença, hipocrisia, engano, alienação, frustração, etc.
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Toda esta caraterização tenta recriar os efeitos de alguns dos factores críticos sobre as várias dimensões do surf e os modos de integração das mesmas, clarificando a problemática que, de forma mais ou menos saliente, está em evolução nos contextos, nos modos de assumir, de entender e cultivar o surf. Ou seja, os filtros que, como pano de fundo ou, como obstruções diretas, são bastante inevitáveis na experiência do surf.
Na realidade, o surf continua a acontecer em todas as suas dimensões, mas o seu yoga natural está mais ou menos afetado e distorcido, logo, conforme se vai normalizando uma relação relativamente filtrada com as mesmas, vai deixando de ser possível o entendimento, o feeling e a realização do seu verdadeiro potencial.
O surf vai-se massificando e sendo assumido de forma mais institucional como um desporto, mas a concretização desse potencial continua dominada pela dimensão lúdica, dentro de uma lógica mercantil, onde se esquecem os problemas levantados à humana, nomeadamente a evolução cultural, e pouco se aborda a espiritual. No entanto, cada vez há mais evidências sobre a natureza terapêutica do surf e surgem projetos bem sucedidos em problemáticas socioculturais, psicológicas e psiquiátricas.
Portanto, é necessário avaliar bem todas as facetas desse potencial face à realidade atual e abrir os caminhos reflexivos, os debates e a consciencialização, assim como estabelecer a valorização, a dinâmica relacional e fomentar as áreas de conhecimento (filosófico e científico) que vão regular o entendimento do que é o surf, a sua definição e a cultura, colocando as várias dimensões num modo de expressão e integração mais sábio e realizador desse potencial.
A dimensão humana ou cultural é obviamente a que está mais afetada e a partir daí a espiritual e as outras. Logo o foco inicial desta avaliação e regulação deve dirigir-se à mesma e envolver todos os agentes coletivos, nos seus tipos de responsabilidade, e nomeadamente os praticantes e a sociedade em geral. Ou seja, a problemática humana e cultural deve entrar numa reflexão, debate e consciencialização que se foque nos conceitos chave do surf e defina princípios e regras de bom senso, para a natureza do surf ser respeitada e concretizada. O que implica ter em conta todos, não esquecendo a cultura, logo os locais, os mais antigos e o que chamámos de relação ao mar.
O mais importante é que esta reflexão e diálogo ocorram dentro e fora de água, sejam levados à agenda pública dos media e assumidos pelos responsáveis políticos, federação, clubes, escolas, formadores de instrutores, treinadores, etc. e se mantenham no tempo até que os valores do espírito Aloha e a magia na forja do grupo se tornem nos elementos mais salientes dentro e fora de água.
Se a dimensão humana evoluir neste sentido, a espiritual será mais evidente, e a sinergia de ambas conduzirá as outras e as evoluções futuras do surf, num caminho de descoberta e concretização do seu potencial.
Neste processo cada um dará o seu contributo, o meu, para já começa com esta reflexão e a proposta do SurfYoga, enquanto aulas de yoga adaptadas ao surf, pensadas com esta visão do surf, para vários tipos de praticantes, nomeadamente os instrutores e treinadores, para que, a sua mensagem e tipos de treino derivem de uma visão e experiência mais completas e profundas, que continuam dentro de água e estão a gerar os seus efeitos nas várias dimensões, a integrá-las com essa sabedoria, a abrir ao novo sem o domínio das tecnicidades, etc., mas a alimentar a cultura do surf e os pontos de vista apropriados para que a sua filosofia e ciência se desenvolvam, e se realize o seu verdadeiro potencial no todo da sociedade.
Lembrando a tal vibração conjunta dos surfistas, a quem esta reflexão fez sentido e sentiu a onda, então, dêem-lhe agora, apanhem-na nos aspetos que vos parecem mais importantes e gerem-na para que todos a possamos apanhar…
(para o meu filho Aron em memória de um poeta do surf, João Luís Pires dos Santos)
“Tá-lhe a dar e dá-lhe agora”
Obrigado mano por tão clara reflexão esta tudo ai nesse encontro mágico
Como surfista e treinador de surf ou mais professor de um meio adaptado a uma realidade generalizada industrializada onde esse devir ou surfyoga já não existe é como um ginasio ou pior ir ao mac donalds comer um hamburger todos esses aspectos da raiva inveja soberba e alienação do principio de aloha diria que o vicio e as roupagens do instagram do que quer ser visto estão la presentes nas partículas finas da atemosfera dentro de água
As escolas e as lojas que alugam indiscriminadamente material a autenticos kamikasi transformou logicamente em algumas praias o pico num autêntico campo de batalha e onde os egos se impõem
Pobres…