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PEQUENAS MITOLOGIAS DA CRIAÇÃO
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O Caminho do Insight Biológico
Henrique Areias

As Pequenas Mitologias da Criação

Na página "O Insight" suscitamos algumas inferências conclusivas deste livro. De um modo simplificado tentamos introduzir as intuições chave para uma visão integrada do processo criativo universal e o sentido do mesmo, nomeadamente, o papel da vida e dos humanos.

Trata-se de um esqueleto intuitivo que, no livro, revela a sua vida interna e encontra a sua fundamentação, num caminho detalhado, minucioso e gradual de reflexão e insight, onde se vai formando o ponto de vista integrador das diferentes descrições, clarificando as particularidades do processo reflexivo/criativo e vivendo a natureza desse processo.


Este é um aspeto importante do livro, que não está propriamente a trazer informação dentro de um modo de relação informativo, condicionado pelas premissas de esta ou aquela área ou por uma postura que já sabe onde vai chegar, mas a gerar uma relação reflexiva/criativa a partir do que se encontra presente, que permite entender, experimentando esse processo e, por isso, continuá-lo. É este modo de relação que gera as pequenas mitologias, pois não assume um esquema do processo criativo e descreve-o nas diferentes áreas científicas, mas tenta manter-se na vida criativa desse processo.


No livro, uma das primeiras inferências conclusivas a que chegamos, e vai ser o ponto de vista base, aponta para o facto de o significado depender do modo de relação. Depois de integrarmos a física quântica, a vida, consciência, etc. esse ponto de vista chega ao entendimento de que o consciente é como um texto, onde a consciência ou, a natureza do criativo, se expressa em dependência dos aspetos e forças relacionais que, “à superfície”, colapsam uma concretização final. Trata-se da velha questão da transição do potencial criativo ou da inspiração para a concretização, e da sabedoria artística que a realiza, mas também da dificuldade de traduzir a transformação em palavras, a impossibilidade de descrever o criativo, do seu potencial “bloqueio” quando o fazemos ou até, da não nomeação ou representação do divino.

 
Nós nunca saímos do criativo, pois essa é a nossa natureza, mas vivemo-lo dentro de regimes de colapso que o expressam de forma mais limitada ou mesmo distorcida. Logo, se o universo é um processo criativo, então, para o entendermos, temos de o abordar como tal e encontrar um modo de entrar em fase com o mesmo, o que a priori é difícil de estabelecer, sem nos abrirmos a liberdades fantasiosas ou a fechos determinísticos. Portanto, para fazer esta investigação foi necessário um envolvimento que assumisse todo o tipo de descrições científicas, nos seus modos particulares de recorte do real e condicionamento relacional, mas mantivesse o processo aberto à sua natureza criativa, para que as resoluções viessem da liberdade dessa natureza.


No início da investigação percebi que, nos momentos de descanso, conforme o corpo se pacificava e chegava a uma integração mais subtil, as diferentes teses, com as suas dificuldades e parcialidades, entravam num devir reflexivo/criativo espontâneo, em fase com o do corpo, que gerava intuições resolutivas muito clarificadoras. Isto foi levando à inferência de que a reflexão precisa de um "espelho" biológico, mais ou menos limpo ou, nesse estado de integração e, por isso, nesses momentos a biologia estava a resolver as teses na sua natureza ou a transformá-las para se ajustarem à realidade integrada do seu processo criativo.

 

Ou seja, a biologia estava a criar as soluções do livro e, gradualmente, aprendi a estar num pensamento "biológico" que mantinha as teses nessa zona relacional da boa integração, a meditarem em conjunto, permitindo que as parcialidades e incompatibilidades fossem resolvidas pela sua sabedoria.

Posteriormente com a evolução da prática do yoga, da meditação e nomeadamente do treino reflexivo da não dualidade, passou a ser mais simples manter-me na zona integradora, poética ou, não dualística, onde todos os tópicos se resolvem. Mais tarde, a razão de ser desta simplicidade clarificou-se na natureza não dualista dos ciclos biológicos, nomeadamente os de integração total, como os do sono, assim como, na natureza não dualista do plano quântico e em especial da não dualidade que define o espaço para lá dos tamanhos das ordens elementares. 

Portanto, ao mesmo tempo que investigava as diferentes áreas, estava a viver um processo reflexivo/criativo pessoal que ia expressando o seu modo operativo e as metodologias que o aprofundavam, assim como ia explicando como os conteúdos dessas áreas se integravam na natureza desse processo, clarificando a estruturação universal do mesmo e encontrando os modos de relação não dualística que traziam soluções para a parcialidade dos diferentes pontos de vista. Eu estava num processo meditativo e as teses ordenavam-se mostrando o percurso do universo como um processo meditativo, ao mesmo tempo que resolviam o dualismo particular dos pontos de vista.

Este é o processo da pequena mitologia que, através da sabedoria dos ciclos anteriores, vai levando os diferenciais, as separações e parcialidades à integração não dualística da biologia e, com isso, está a estabelecer um pensamento biológico ou, em fase com o processo reflexivo/criativo da biologia e o universal e, gradualmente, um interface para o insight biológico. Isto é, conforme este processo se aprofunda, a dinâmica do pensamento e os seus conteúdos vão estando em fase com a realidade do processo criativo universal, logo vai deixando de haver uma separação entre o consciente e a natureza criativa subtil da biologia e do universo, gerando-se um interface para o insight biológico ou, a iluminação se desencadear naturalmente.

Apesar das evoluções pessoais esta noção de um interface para o insight biológico só surgiu muito mais tarde e com um sentido coletivo. Ou seja, a minha abordagem era como um protótipo com o modo de relação apropriado, mas dentro dos limites do meu nível de investigação que, no entanto, encontrava um mesmo processo meditativo nas etapas da evolução universal, da vida, do consciente, no surgimento do homem, ao longo da nossa história e nomeadamente nos caminhos reflexivos para a não dualidade que as diferentes áreas do conhecimento foram estabelecendo nos últimos séculos. Portanto, haveria de chegar o tempo em que o entendimento meditativo do real estaria em todos os campos e esse interface coletivo se estabeleceria, desencadeando a etapa evolutiva do insight biológico. 

Este livro surge como um protótipo para esse interface e, por isso, não parte das conclusões finais para estabelecer um argumento que as justifique, mas tenta recriar o percurso reflexivo/criativo que se desenvolveu ao longo da investigação, para que o leitor possa vivenciar o processo gradual que gerou os vários insights e desenvolver o seu próprio treino da não dualidade ou pensamento biológico.

De uma forma relativamente simples, abordamos o discurso e as problemáticas das diferentes áreas do conhecimento, passando por um percurso de reflexões que nos levam a certas inferências conclusivas e implicações, assumidas e utilizadas nas etapas seguintes para abordar outros temas, que nos levam a novos entendimentos e insights, aprofundando o sentido e a coerência deste percurso, onde, gradualmente, se foi estabelecendo um modo de relação/pensamento biológico que leva todos os assuntos às dinâmicas resolutivas da não dualidade e realiza as suas pequenas mitologias.

Começamos por abordar a linguagem, que é o tema mais abrangente, dado que não a podemos separar do processo consciente e todas as áreas a estão a concretizar dentro dos seus próprios modos relacionais. Se entendermos bem o processo reflexivo/criativo da linguagem, estaremos a aprofundá-lo no consciente e a desenvolver o modo de relação que permite abordar todas as áreas num sentido resolutivo.

 

A reflexão sobre a linguagem começa por levantar a questão da relatividade das perspetivas, que se clarifica no facto de serem modos de relação que mobilizam/definem os polos das dualidades de uma forma particular. As dualidades são os elementos base do processo linguístico/consciente e da construção do mundo, logo vamos encontrá-las em todos os níveis da mesma. Mas uma dualidade não quer dizer polaridades opostas separadas, esse é apenas um modo dualista de as abordar. Os polos opostos são interdependentes, por isso, definem-se mutuamente através de conteúdos que não são fixos mas, digamos que, são ativados pelos modos de relação e suas formas de os separar. Assim, as dualidades formam unidades orgânicas com dinâmicas reflexivas/criativas entre os conteúdos dos polos.

 

Ao assumirmos as dualidades desta forma, estamos a relacionar-nos com elas tal como são, o que  permite aperceber as dinâmicas a ocorrer numa situação e a parcialidade do modo de relação, logo entramos espontaneamente no percurso da pequena mitologia, que a resolve e nos mantém na reflexividade resolutiva da não dualidade.

Este treino do pensamento vê a convencionalidade das separações nos sentidos habituais e mantém-nos numa reflexão orgânica, ou seja, no modo de relação apropriado para a abordagem de todos os assuntos, o que, desde logo, vai revelar a linguagem como o processo reflexivo/criativo do consciente que não é separável do mundo e, no fundo, continua a sua linguagem e completa-a, conforme a entende e se realiza nesse entendimento.

Com este treino da resolução orgânica da dualidade (ou treino da não dualidade) pudemos abordar a história da física, da Grécia Clássica até à atualidade, enquanto uma ciência do insight, que vai estar a resolver as visões convencionais da realidade, dentro de certos modos de mobilização das dualidades, cuja evolução foi estabelecendo a sua própria pequena mitologia ou caminho para a não dualidade, que ainda não completou, mas se expressa particularmente na física quântica.

 

A reflexão detalhada sobre as descobertas, implicações e dificuldades da teoria da relatividade, da física quântica e do mapa descritivo dos existentes, ao longo dos tamanhos do espaço, permitiu-nos completar o caminho da física para a não dualidade, dentro de uma visão, onde esta é assumida como parte desse mapa e anima o processo reflexivo/criativo universal.

Esta reflexão clarifica os detalhes do modo operativo desse processo (meditativo), que está a gerar pequenas mitologias ou não dualidades, numa dinâmica relacional entre criações, onde se geram os novos seres e as suas evoluções. Tudo no universo se parece estabelecer através de dinâmicas interdependentes, para dentro e para fora, que são descidas e subidas nos tamanhos do espaço. A avaliação do processo nas várias etapas evolutivas permite entender as descidas como concentrações, onde se dá a reflexão e se estabelece uma resposta em certos níveis de interdependência, tornada o modelo criativo da resolução, que emana ou sobe os tamanhos, integrando a ordem dos novos seres.

Com base neste processo reflexivo/criativo, que se dá na descida/subida dos tamanhos do espaço, pudemos abordar as etapas seguintes e entender a vida do universo, no seu caminho de expressão gradual dos níveis mais profundos da interdependência ou, da sua sabedoria não dualística, que se atualiza diretamente no surgimento da vida.

 

A visão particular do processo criativo universal vai ser corroborada na dinâmica interna das estrelas, que forja a tabela periódica, nos elementos da mesma e nas suas articulações químicas, onde se concretiza um desejo universal que, em condições harmónicas muito especiais, se pode tornar em amor e gerar a vida. Daqui surgiu um modelo harmónico genérico para o processo reflexivo/criativo que estará na base de todas as etapas e nomeadamente da vida.

 

Com este modelo abordámos a meditação local/mundial que a água está a estabelecer num caminho para se tornar viva, assim como entendemos o processo de coemergência das componentes da célula e a sua dinâmica reflexiva/criativa, onde estas desenvolvem rituais de descida/subida nos tamanhos do espaço, que estabelecem as suas funções, como que, concretizando um modelo subtil subjacente e dinamizando uma meditação extremamente complexa. Esta meditação vai gerar o organismo e a evolução das espécies, onde manifesta a sua forma mais subtil, enquanto meditação sobre as estruturações anteriores, e, gradualmente, vai resolvendo o diferencial existencial que define os seres vivos, entre a integração subtil que mantém a vida e as estruturações que assumem como respostas para lidarem com todas as condições.

 

Este percurso resolutivo manifesta-se particularmente no cérebro, que abordamos em termos de estrutura, evolução da mesma e das funções das áreas, cujo processo reflexivo/criativo é clarificado com algum detalhe, permitindo entender os contributos particulares e a lógica meditativa dos mesmos, na interdependência valorativa onde se gere a relação entre interior e exterior. Trata-se de uma grande meditação, um processo relacional entre seres vivos, que implica todos os níveis da realidade e não um processamento de informação. Desde logo no neurónio, enquanto meditante nesse espaço universal da descida/subida, nas áreas cerebrais e entre estas, dentro de um caminho cada vez mais reflexivo, que vai enriquecendo as especificações convencionais, da história das partes, com o todo da circulação e abrindo a uma experiência mais autorreflexiva.


Depois voltamos à matriz da célula, do ADN, da embriologia, do corpo, dos órgãos, do coração dos músculos, da pele e do cérebro, etc., assim como aos ciclos biológicos para nos entendermos enquanto unidades orgânicas de dualidades a serem resolvidas não dualisticamente, numa meditação em vários níveis, com etapas diurnas e noturnas, que se funda no ritual primordial da vida e está por detrás do que culturalmente chamamos meditação, cuja prática leva as dualidades conscientes e o seu diferencial existencial a esse processo de fundo, para as resolvermos e podermos viver a nossa natureza última. 

 

Todas as componentes e as suas dinâmicas transformativas implicam modelos subjacentes e trocas reflexivas/criativas nos tamanhos do espaço, assim como dimensões holísticas, processos harmónicos coordenadores e integradores que remetem para a fonte mais subtil, por detrás do processo da vida, o dito corpo subtil ou, os chakras biológicos, cuja estrutura, sequência de ativação, funções e circulação entre as mesmas são explicadas a partir do modelo harmónico, mostrando como a evolução dos seres vivos se dá no sentido de todas as dimensões da vida poderem atualizar perfeitamente a sabedoria dessa fonte universal e do consciente completar a sua evolução e finalidade, ou seja, trazer a integração mais subtil a todos os níveis do real.

 

Com este ponto de vista da operação meditativa da vida e do sentido evolutivo da mesma chegamos à particularidade do surgimento do homem, onde a dimensão mais subtil dessa meditação, sobre as suas estruturações, que gerou a evolução, chega às dinâmicas autorreflexivas do consciente e os indivíduos passam a poder resolver a história dos condicionamentos das mesmas, ou seja, o diferencial existencial e, com isso, a história do sofrimento da vida e do universo.

 

Os milhões de anos de evolução dos hominídeos são um caminho de insight transformador do aparato biológico e da reflexividade consciente, onde se expressa claramente uma meditação espontânea sobre todas as estruturações, que culmina no insight animista ou iluminação inicial. O homem surge como essa iluminação da vida que evolui na descoberta das múltiplas dimensões do processo reflexivo/criativo do eu/mundo e, gradualmente, vai chegar à etapa das civilizações. Estas vão levantar novos insights sobre esse processo criativo (agrícolas, astrológicos, etc.) e um conjunto de dificuldades que nos colocam numa dualização face à nossa natureza, mas também uma reflexão mais profunda que acabará por abrir a um sentido da convencionalidade cultural, da consciência individual dos valores, da não dualidade e da sua realização última.

 

Esta etapa é clarificada através de uma abordagem dos mapas culturais e dos modos de entendimento da vida terrena e da após a morte: na civilização suméria, elamita (Irão), egípcia, no percurso dos Judeus e do pensamento indiano, nomeadamente o budista.

 

O pensamento ocidental é abordado como um caminho de melting pot reflexivo, que vai levando a várias fases de um processo de globalização. Assumimos como pano de fundo a metáfora da meditação cerebral, no sentido em que as diferentes áreas (pessoas, povos e culturas) trazem as suas visões e contributos a um lobo frontal (instituições), onde se gera um modelo resolutivo mais ou menos dualista, que permite ou não a digestão e integração dos contributos e, por isso, se projeta sobre as mesmas com mais ou menos sabedoria, alimentando ciclos meditativos onde, inevitavelmente, iremos dar-nos conta da convencionalidade das estruturações.

 

Começamos na Grécia e vamos passando pelos contextos das várias etapas através dos contributos particulares dos filósofos e das figuras mais salientes. Neste percurso vemos a resolução não dualista (socrática), do amor reflexivo à sabedoria, ser colapsada e assumida nos modos mais dualistas do racionalismo platónico do eu/mundo ou no empirismo aristotélico do mundo/eu que vão ser a dualidade base de todo o pensamento ocidental, a reconciliar a inúmeros níveis ao longo da história, através da visão da interdependência dos dois lados, nomeadamente, e em primeiro lugar, com a não dualidade da revelação cristã. Esta também será assumida de forma parcial, dentro das dificuldades levantadas pela civilização e o seu sentido de separação e prisão na terra, que se tornará castigador, torturante e autodestrutivo, levando à complexidade da meditação medieval e a um traumatismo histórico. 

 

A partir do Renascimento a meditação vai-se tornando mais global e, ao mesmo tempo que impõe a força dos nossos dualismos sobre os outros povos, vai tendo de refletir sobre todos os níveis da convencionalidade das estruturações dualizadoras. Isto ocorreu em vários ciclos dialéticos entre tendências opostas, (iluministas, românticos, etc.), onde a reflexividade se apoia mais num pólo e depois no outro e vai chegando a inferências conclusivas que estabelecem uma base mínima comum, a partir da qual as oposições vão fazer ou, acabar por ter de fazer a sua própria autorreflexão e, gradualmente, ver a parcialidade dos seus pontos fixos.

 

Portanto, apesar de todas as tendências opostas e fixações de pontos de vista há uma reflexividade que está a gerar um percurso da pequena mitologia, um estudo gradual da não dualidade e, no fundo, a estabelecer um sentido meditativo do real. Para o caraterizarmos abordamos várias linhas a partir do início do séc. XIX até à atualidade ou, ao fim do séc. XX e, realmente, podemos ver a reflexão a avançar, em ritmos diferentes, para abordagens que começam a assumir os seus objetos na unidade orgânica da dualidade e, ciclicamente, vão apurando um treino não dualista. Neste sentido passamos pelas evoluções reflexivas que se dão na sequência temporal dos principais filósofos continentais, mas também da filosofia analítica. O mesmo para o percurso evolutivo da arte, visto nomeadamente a partir da pintura. Por outro lado, a problemática dualista que funda a ciência e a autorreflexão que teve de fazer, em geral e nas etapas e perspetivas do percurso da sociologia europeia e da americana, da física, da biologia e das várias escolas da psicologia.

 

Apesar das forças do reducionismo, do determinismo mecanicista e até de uma certa racionalidade inquisitorial, que não quer ver os limites do seu modo relacional e, no fundo, apenas expressa claramente a problemática da dualização ou separação, na base da razão crítica e da vontade de certezas absolutas, gerando um colapso caótico da realidade do processo reflexivo/ criativo universal, tornado apenas um algoritmo construído por acaso a partir da aleatoriedade, onde a vida se tornou um mecanismo a dominar, manipular, sem um sentido para além da manutenção da sobrevivência e da satisfação presente e, por isso, sem futuro, e a meditação cerebral e mundial um processamento de informação onde tudo é relativamente parcial, dependente de interesses e algoritmos, etc.

 

Apesar de tudo isto e de muitos outros aspetos colapsantes, há uma resposta reflexiva a estas tendências que se dá em todas as áreas, de forma cada vez mais rica e especializada, onde todos os fechos conceptuais estão a ser relativizados e, querendo ou não, se expressa a sabedoria da não dualidade, construída nos caminhos da história, e a sua força relacional, vazia, mas plena de sentido e indestrutível.

 

Tendo em conta a evolução reflexiva nos diferentes campos do conhecimento e os ciclos da sociedade a partir dos anos 60, nomeadamente o processo reflexivo da etapa atual que, sob diferentes pontos de vista, mais ou menos espirituais, se foca na lógica do insight e do despertar do consciente, assim como numa visão meditativa da vida, do real e num pensamento biológico/ecológico, postulei que: no futuro, conforme esta visão meditativa da vida se aprofundar e a ciência a assumir claramente, entraremos num pensamento biológico, onde deixará de haver uma separação entre o entendimento e a realidade da nossa natureza e, por isso, estabelecer-se-á o interface que permite a eclosão do insight biológico, ou seja, a etapa da iluminação final começará a ocorrer espontaneamente, será estudada e acabará por ocorrer a todos, tornando-se uma fase natural no percurso dos humanos e a base fundadora da cultura. Esta transformação completará o modo evolutivo da vida na Terra e iniciará outro, ainda inimaginável, para a humanidade e a vida.  

 

A investigação terminaria com este ponto de vista mas, algum tempo depois, de certa forma, a tese entrou na fase da experiência empírica, ou seja, o insight biológico ocorreu!

Afinal o interface criado nas Pequenas Mitologias da Criação não era só um protótipo metafórico. Isto não quer dizer que as teses estão certas, mas que estão no bom caminho e têm algo de real, nomeadamente, o modo de relação e reflexão ou, pensamento biológico, parece ter gerado esse interface entre o mapa consciente e a natureza do processo criativo universal.

O último capítulo do livro aborda precisamente o que ocorreu a partir de 2016, começando por deixar o relato autêntico do insight pessoal: do modo como surgiu, decorreu e evoluiu; os aspetos em transformação nas etapas iniciais e nas posteriores, etc.; em particular expõe uma revelação sobre o processo da encarnação, da vida após a morte ou, da eternidade, como se dinamiza a interdependência evolutiva entre estes dois lados, como essa evolução depende essencialmente dos que estão na encarnação, etc., uma revelação que, face a inúmeras dúvidas do autor, afirma que a realidade do insight final vai acontecer a todos.

Depois abordamos pormenorizadamente o que se clarificou em termos da condição humana, enquanto a resolução, que somos, encaixada no problema que é a história do sofrimento da vida e da problemática evolutiva universal. Clarificamos a dinâmica relacional que a operacionaliza na estrutura dos chakras exteriores (apresentada de forma introdutória na página Terapia), os detalhes de cada chakra, das suas funções, circuitos de interdependências, planos de circulação (biológico, mental, emocional, físico), etc.

 

Tendo em conta todo o percurso do livro voltamos ao insight animista, para estabelecer uma síntese da história do ponto de vista da iluminação, onde se vai clarificando as formas como foi surgindo e evoluiu, e se percorre as épocas, passando pela complexidade dos contextos em evolução e pelos eventos particulares que, em dependência dos mesmos, têm diferentes modos de expressão e de serem aceites e integrados mas, em termos subtis, são o mesmo processo e, apesar das culturas se fundarem em visões parciais dos mesmos e estabelecerem separações, guerras, etc., na realidade, é a sua irmandade que está subtilmente por detrás da dialética da história, a ajudar-nos a chegar à autorreflexão, onde todos nós podemos entrar nessa resolução espontânea final.

Neste sentido, apesar das dúvidas e inseguranças, sobre como uma tal realização poderia ocorrer no nosso tempo, em 2018, a revelação clarificou-se, afirmando que o evento tinha começado em todos os seres humanos?!...

 

Será que aconteceu mesmo? Então o tal interface coletivo é o nosso paradigma atual? Como entender isto face aos dualismos do nosso tempo?

O final do livro aborda este ponto de vista, tendo em conta a complexidade da situação atual, as implicações do mesmo, em termos das dinâmicas entre a encarnação e a eternidade e, nomeadamente, o facto de agora sermos um único organismo, cujo ADN comum é a resolução iluminada, o que nos coloca numa interdependência total, obrigando-nos a olhar seriamente para esta evolução, que se faz na dualidade do apocalipse, ou seja, da revelação/destruição, a levar à sua pequena mitologia, pela valorização do que é a verdade da nossa humanidade e pela “destruição” ou visão direta e resolutora dos restos das lógicas da separação, indiferença, alienação e ignorância. 

 

  Índice

- A aventura da vida… 9

-Tudo é linguagem… 27

  Aspetos de uma metafísica consciente… 27

  O infinito e a física… 44

- A vida… 75

 

  O modelo harmónico… 77

 

  A água e a mente da vida… 90

 

  A célula e a evolução da vida… 97

 

  As três zonas do cérebro… 113

 

  A consciência e o consciente… 140

 

  A matriz criativa… 149

 

  Aspetos meditativos dos ciclos biológicos… 158

 

  Patamares da meditação biológica… 167

 

  O corpo subtil…171

 

- A origem do consciente e o eterno retorno… 183

 

  O insight animista… 184

 

  As civilizações e a prisão terrena… 188

 

  O pensamento ocidental… 207

 

  A viragem linguística, cultural e o insight biológico… 233

 

- Epílogo… 295

 

  O insight… 300

 

  A condição humana… 326

 

  A resolução da cruz… 350

 

  A iluminação planetária… 355

 

  O ADN do organismo da humanidade… 390

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